quarta-feira, 28 de abril de 2010

Acção de solidariedade


O nosso grupo desenvolveu, ao longo do 2º período de aulas, uma ctividade com o intuito de oferecer sessões de hipoterapia a uma colega da nossa escola, com o nome de Bertília, que sofre de paralisia cerebral.


Esta iniciativa tinha como objectivos:
  • Ajudar a Bertília a nível físico, social e emocional
  • Sensibilizar e promover o espírito de solidariedade na comunidade
  • Divulgar a prática de hipoterapia


Para conseguirmos desenvolvermos o nosso projecto, colaboramos com a instituição da ACIP e com o Centro Hípico de Joane.

Como já haviamos publicado numa mensagem anterior, cada sessão de hipoterapia custa 32€, e para angariarmos dinheiro suficiente para uma sessão, o nosso grupo juntamente com a nossa turma produzimos porta-chaves. Para o transporte, uma vez que o preço das sessões não o inclui, solicitamos o transporte aos Bombeiros Voluntários Famalicenses, que se mostraram disponíveis.



Assim, na realização do nosso projecto tivemos 4 fases:

  1. Elaboração dos bonecos

  2. Venda dos bonecos
  3. Disponibilização do transporte

  4. Oferta das sessões de Hipoterapia à Bertília

Após a execução dos bonecos várias pessoas se mostraram interessadas em comprar os nossos bonecos, o que foi bastante vantajoso pois conseguimos uma quantia de 128€, e por isso podemos oferecer 4 sessões.


Como as 3 primeiras fases já se encontravam concluídas, a única coisa que nos faltava era oferecermos as sessões.


No passado dia 6 de Abril realizou-se a primeira sessão de Hipoterapia.
Primeiro, a Bertília visitou as instalações do Centro Hípico. em seguida deu-se a sessão, que teve a duração de 30 minutos. A Bertília adorou esta experiência, o que se pode comprovar pelo seu sorriso.


Para nós, esta oportunidade de realizar esta acção de solidariedade foi bastante compensador a nível pessoal.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Entrevista com a Terapeuta Ocupacional Sílvia Oliveira

Como surgiu o seu interesse por esta área (equitação terapêutica e hipoterapia)?
R: Quando comecei a tirar a licenciatura em terapia ocupacional, foi-se falando, ao longo do curso, destas vertentes. No entanto, durante a minha formação académica, nunca tive a experiência de montar a cavalo ou frequentar alguma formação. Apesar disso, pelo que se foi falndo, ficou esse interesse. Quando terminei a minha licenciatura, comecei a procurar especializações dentro da área em que nós trabalhamos. Já trabalhei em mais que uma área, mas a área que mais me interssa são crianças e jovens, como trabalho agora. Então, nesse campo em que é que eu me poderia especializar? O que é que eu podia fazer para poder ajudar as crianças e os jovens que eu estava a acompanhar? E acabei por optar em tirar formação em equitação terapêutica, hipoteraoia e hidroterapia, para os ajudar. Eu acho que é sempre um complemento, são óptimas terapias e têm um óptimo benefício. Pelos resultados, acho que não havia como não ir por aí, tendo inclusive da instituição (ACIP), essa oferta.
Para si, que tem um papel fundamental no desenvolvimento das crianças, considera o seu trabalho gratificante?
R: É muito gratificante. Aliás, acho que ninguém nesta área pode trabalhar e não considerar isto gratificante. Se não gostarmos daquilo que fazemos, ao fim de algum tempo saturamos. Por isso, acho que trabalhar nesta área é muito gratificante. Com crianças é especialmente gratififcante porque vemos o desenvolvimento delas, vemos que o nosso trabalho, efectivamente, vale a pena. Mesmo que sejam pequenos avanços, são significativos para elas.
E qual foi o caso mais gratificante que teve?
R: Isso é complicado de dizer. Todos eles são gratificantes. Às vezes, os pequenos avanços são mais gratificantes que os grandes avanços. O que nos dá alegria são os pequenos alcances, as pequenas coisas que as crianças vão conseguindo fazer. Coisas muito simples como conseguir accionar um brinquedo ou ver a gargalhada são muito gratificantes para nós.
Consegue, em poucas palavras, distinguir a hipoterapia, de equitação terapêutica e de equitação adaptada?
R: São semelhantes mas, ao mesmo tempo, muito distintas. Dentro da equitação para pessoas com deficiência, temos três vertentes: a hipoterapia, a equitação terapêutica e a equitação adaptada. A equitação adaptada é mais semelhante à equitação normal. A hipoterapia privilegia o contacto com o animal, o montar, o andar a passo no cavalo, pelo contacto com o animal e por toda a parte motora envolvida, porque o passo do cavalo é muito parecido com a marcha humana. E é mais nessa vertente. A equitação terapêutica tem outra vertente. Para além de tratarmos essa parte, do controlo postural e de equilíbrio, toda a parte motora, trabalhamos também outras partes. Normalmente, os meninos escovam o cavalo, tratam do cavalo... Podem limpar os cascos, podem alimentá-lo. Têm mais contacto com o animal, para além do acto motor que é montar.
Quais os principais problemas que as crianças que fazem equitação terapêutica têm?
R:Normalmente, usa-se muito equitação terapêutica e hipoterapia em casos de paralisia cerebral. Neste momento, tenho apenas dois casos de paralisia cerebral. Depois, as patologias que eu tenho em mãos são dentro do síndrome do espectro autista, nomeadamente meninos com síndrome de Aspergi. Depois tenho alguns com problemas raros (genéticos)... Tenho uma menina que não produz colesterol. Mas o essencial é paralisia cerebral e problemas mais emocionais ligados aoautismo e ao síndrome de Aspergi.
Quais são os principais desenvolvimentos que as crianças apresentam, desde que iniciam as sessões de hipoterapia?
R: Apenas numa sessão já se conseguem ver algumas diferenças a nível de conseguir manter uma postura mais correcta. Começa-se a ver a criança a relaxar e a ficar mais confortável. Ao longo do temp, as melhoras são muitas, quer ao nível da parte motora, quer a nível da parte emocional. Eles criam uma relação muito afectuosa com o cavalo. Para além disso, tem toda a componente motora que eles melhoram imenso, a nível do equilíbrio, do controlo postural, a nível da agitação psicomotora, a concentração... Tudo isso é trabalhado.
Além do cavalo, que materiais utilizam?
R: Utilizo muito jogos pedagógicos, puzzles, jogos de encaixe, aquili que eu vejo que é necessário trabalhar em cada caso. Não posso utilizar materiais que causem muito movimento, porque o cavalo pode assustar-se. Mas, normalmente, levo muito material desse género.
Antes do contacto com o cavalo, quais os exercícios que se fazem com as crianças?
R:Antes do primeiro contacto é importante prepararmos a criança e a família. Explicamos à família o que vai acontecer, de forma a que a criança não seja apanhada de surpresa, e tentamos que os pais não apanhem uma desilusão, pois nem todos os meninos reagem bem. Há meninos que têm medo, e, se não é prazeroso para eles, não vale a pena insistirmos. Antes da primeira sessão mostramos o centro hípico, as boxes, os vários cavalos, o que é que eles comem, o picadeiro e temos um primeiro contacto com o animal. E, quando a criança está preparada vamos para o picadeiro e montamos. Antes do início de cada sessão, normalmente, não temos nenhuns exercícios de preparação específicos, dependendo dos casos, obviamente. Há meninos que precisam.. antes de montar falamos um bocadinho com eles para sossegarem um bocadinho, tocam no cavalo, fazem festinhas, conhecem o espaço outra vez. Depende dos meninos, mas não temos nenhum exercício típico antes de iniciar a sessão. Normalmente montamos, damos uma ou duas voltas, depois paramos, escolhemos um jogo, damos mais uma volta, paramos... e vamos realizando jogos. No picadeiro temos várias letras, e pedimos aos meninos que escolham uma letra e paramos nessa letra. Durante as voltas que damos ao picadeiro, travamos uma conversa com as crianças, sobre o que nós achamos que ela precisa trabalhar. Tudo são actividades que nós realizamos, não é só montar.
Realizam sempre as aulas com música?
R: Normalmente realizamos sempre as sessões com música. Por dois motivos. Quando temos a música minimizamos um pouco os barulhos externos e os cavalos são muito sensíveis aos barulhos, assustam-se muito. Quando está vento, por exemplo, o cavalo assusta-se, ou com um cão que passa, entre outros, e isso pode ser perigoso tanto para nós, como para quem está em cima do cavalo e a nossa prioridade é a segurança. Também por uma questão de entretenimento puro: vamos brincando, vamos cantando com os meninos para que não seja chato para eles. Muitos dos meninos que temos lá têm muitas competências e percebem a maior parte das coisas, e até gostam de cantar.
Já aconteceu de algum menino na primeira aula não gostar e depois vir a gostar?
R: Sim. Quando um dos meninos que nós temos começou as sessões, chorava porque tinha medo. Nós até ponderámos parar as sessões de hipoterapia. Agora ele adora e as sessões são muito prazerosas para ele. Ainda há bem pouco tempo um menino deixou de ter equitação terapêutica porque morria de medo do cavalo, ia para lá apavorado e não valia a pena.
Que raças de cavalos é que são utilizadas?
R: Não é preciso uma em específico. O que é preciso, sobretudo, é um cavalo calmo e paciente. Nem todos os cavalos têm perfil para serem cavalos de equitação terapêutica. O cavalo que nós temos neste momento, digamos que se fosse um cão era um rafeiro. Não tem uma raça, digamos assim. Deriva de um lusitano, mas não é uma raça pura. No entanto tem traços de um cavalo lusitano. Mas é um cavalo muito calmo, muito paciente e é presiso ser, pois os meninos puxam-lhe as crinas e nem todos são meigos com ele. Nós paranos, depois andamos e os cavalos também gostam de ter a liberdade deles. O cavalo começa a bufar e precisa de dar umas voltas no picadeiro e depois fica bom, acalma um bocadinho.
Dizem que a síndrome de Down não é aconselhada para hipoterapia mas também há quem defenda o contrário. Qual destas visões é a verdadeira?
R: Há correntes que dizem que o síndrome de Down não deve realizar equitação terapêutica porque, normalmente, o passo do cavalo embala-os um bocadinho. Por isso é que é mais aconselhável à paralisia cerebral, ajuda-os a relaxar. Mas casa caso é um caso. Não há nada como experimentar e ver se neste menino resulta ou não. Os meninos com síndrome de Down já são mais moles e flácidos, são "hipotónicos" e, provavelmente, em 50% dos casos não resulta. Mas depois temos os outros em que, se calhar, é benéfico. Provavelmente pela parte afectiva e social, mais do que pela parte motora.
Relativamente aos casos de paralisia cerebral, começam a obter um postura correcta?
R: Sim, normalmente o objectivo é esse, que eles consigam começar a ter reacções de controlo postural, consigam ter reacções de rectificação e de correcção em termos posturais. O objectivo é que os músculos mias afectados relaxem e que os outros trabalhem, e qu o corpo comece a adaptar uma postura mais correcta, mais adequada. E que comece a ter contrlo, seja cervical ou a nível do tronco.